Contos CapitaisContos Capitais by Varios

Neste livro, como uma página em branco, confiou-se uma cidade a cada escritor. Trinta escritores para trinta contos, para trinta capitais, um mundo de Contos Capitais.

Filipa Vera Jardim reinventou com desassombro o mito do estripador de Londres. Um estripador de sonhos, de consciências ocultas nas sombras que projetamos, capaz, de um só golpe, resgatar toda a memória, de extirpar a rotina exausta de uma vida de semiexistência.

Baptista Bastos abre uma varanda a um momento de reflexão e fá-lo numa escrita doce e tranquila.

Maria do Rosário Pedreira oferece-nos uma Paris onde uma família vê sua felicidade ameaçada pela sombra da doença e é resgatada por quem procura alimentar-se dessa fragilidade.

José Jorge Letria deixa-se contagiar por um momento mágico de oração e trouxe-o consigo até ao seu escritório de Lisboa. Só então, muito mais tarde, tudo se resolverá. São histórias que crescem dentro de nós, espreitando o momento em que se soltam e ganham vida própria.

Cristina Carvalho oferece-nos uma narrativa em forma de viagem, como acontece nos sonhos em que planamos sobre tudo, sobre os objetos, as cidades e as memórias. Mesmo quando nos sentamos num banco, de frente para a água, continuamos essa viagem. Muito foi o que ficou para trás, as saudades que afinal não se chegam a sentir e alguém que, num repente, deixa de ser importante. Uma montanha ergue-se no horizonte como um biombo. Atrás dela fica uma vida, a mesma que agora não se detém.

João Ricardo Pedro deixa-nos um registo sobre a relatividade do tempo num conto ilustrado, de forma inspirada, por Manuel San-Payo. Uma vida num livro, a duração de uma viagem. Podem as palavras congelar o tempo, distendê-lo? Princípio e fim são palavras, o instante também. O tempo será sempre uma forma de regresso.

Miguel Real oferece-nos um roteiro por uma cidade que se abre ao seu conto. Move-o a curiosidade e o desejo de esclarecer um mistério trazido da leitura de um outro livro. As cidades são reinventadas pelo olhar e pela escrita dos grandes mestres, não existiriam sem eles, pelo menos, não da mesma forma. Esse é o mistério que Miguel Real persegue.

Tantos e tantos outros contos a reinventar outras tantas capitais, a atrever-se na sua escrita e na forma de ilustrar essas narrativas. A experiência capital de cada escritor. Com este livro a Parsifal estreou-se como editora. Está de parabéns.

(aqui a reportagem da Antena 2 no programa Última Edição)
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