Quem visitava o palácio fazia o quem visita palácios faz, apaparicando o herdeiro presuntivo. O facto de ele não reparar minimamente em ninguém era sinal de autossuficiência e de uma vida interior de grande riqueza. O facto de chorar mal lhe negassem fosse o que fosse que aqueles dedinhos quisessem agarrar apenas demonstravam a determinação dele. O facto de nunca dizer uma só palavra que reconhecessem dava a entender que já dominava línguas estrangeiras. E o facto de cuspir, vomitar e se peidar na presença dessas visitas apenas provava como era indiferente à opinião do mundo.
Pussy, de Howard Jacobson, 2017, Bertrand Editora
Nota do Acrítico: Imaginem uma república protegida do mundo exterior por altos muros, governada por um grão duque, cujo filho, o Príncipe, é um miúdo enxuto e venerado por todas as qualidades que não tem, educado por professores universitários que foram despedidos por excesso de conhecimento e pelo péssimo hábito de corrigir os alunos. Imaginem só, porque não encontrarão qualquer semelhança com a realidade…
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