Escrevo-vos, sentada neste escritório a dar para uma paisagem que me é muito familiar. Eu desenho pessoas. Não as desenho como se fosse um artista, mas como escritora. Desenho-lhes os interiores dos cérebros, os pensamentos, as idiossincrasias, manias, hábitos, sentimentos. É isto que eu desenho. Adoro pessoas. Esta é a verdade. Devoro-as, retiro-lhes as gorduras, transformo-as. Desenho-as belas ou repugnantes. É conforme me dá. Provavelmente, todas estas sensações remontam à época das pocilgas…
rebeldia, de Cristina Carvalho, 2017, Planeta.
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