Salazar e o Poder. A Arte de Saber Durar by Fernando Rosas
Este livro divide-se em três partes: o que pensava Salazar sobre a política (caindo o mito que Salazar vivia acima das questões políticas), como chegou ao poder e, finalmente, como conseguiu manter-se no poder durante tantos anos.
Para Salazar o primeiro nível político era o da governança, meramente técnico e gerido por técnicos, dispensando-se a participação dos cidadãos (que não tinham de ser ouvidos) ou dos seus representantes (o parlamento não se devia preocupar com este tipo de assuntos). A primeira parte do livro estuda como Salazar foi sedimentando a sua estratégia e como a mesma se foi confundindo com a da União Nacional, transformando-se no verdadeiro alicerce do Estado Novo. Implantou uma “ditadura de chefe de governo”, mas inaugurará o hábito de compensar os seus servidores mais chegados com substanciosos lugares no mundo dos negócios ou nas boas sinecuras do Estado.
Aos portugueses reserva-lhes um “viver habitualmente”, sem grandes aspirações materiais ou culturais, com muito respeitinho pelas autoridades e uma cega confiança em quem detém o poder. O “eles” é que sabem. As polícias, com os seus “safanões a tempo”, complementavam essa presença da autoridade junto dos cidadãos. Eram os órgãos de vigilância e de garantia do “sistema de ordem pública”.
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