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Gonçalo M Tavares

Uma Dor Tão Desigual

Uma Dor Tão DesigualUma Dor Tão Desigual, (coletivo)

Este livro resulta de um desafio feito a oito autores portugueses para que explorassem as fronteiras múltiplas e ténues que definem a saúde psicológica e o que dela nos afasta.

Em estilos muito diferentes, um leque extraordinário de escritores brinda-nos Continue reading “Uma Dor Tão Desigual”

Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, de Gonçalo M. Tavares

Uma Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do PaiUma Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do Pai by Gonçalo M. Tavares

Numa geografia distante e num tempo impreciso, um homem em fuga ajuda uma menina perdida à procura do pai. A menina, portadora de trissomia 21, não consegue dar nenhuma informação relevante, tal como nos é negado saber de que foge este homem. A menina transporta uma caixa com um conjunto de fichas didáticas que Marius, o homem, vai explorando. As limitações das crianças portadoras de deficiência mental desfilam numa série de cartões de aprendizagem. Numa das fichas pede-se para identificar a parte do corpo que dói. Marius padece de uma dor para a qual não existe uma anatomia definida. Hanna, assim se chama a menina, sorri sempre.

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Dinossauro no pátio (o casamento) – um sonho, de Gonçalo M. Tavares

UP-Julho01Dinossauro no pátio (o casamento) – um sonho by Gonçalo M. Tavares

Está um dinossauro no pátio das crianças e o pai por vezes pensa que pode acontecer um acidente, mas sente-se, naquele dia, particularmente preguiçoso e deixa-se estar, sentado, com o jornal – embora nunca desviando os olhos da janela que permite ver o pátio.

Receia principalmente um acidente com o mais novo, um grito arranca-o em sobressalto da leitura. Da janela já não avista o mais velho, estão lá apenas o mais novo e o dinossauro. Apreensivo dirige-se à sua mulher que trabalha excessivamente e pergunta-lhe quantos filhos tinham, se um ou dois.

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Canções Mexicanas

Canções MexicanasCanções Mexicanas by Gonçalo M. Tavares

Fragmentos, instantes revisitados pela memória de um turista que se deixa arrastar pela cidade do México. O ser humano é presença perturbadora de todas as paisagens, ele é a essência do mal, ao qual se acomoda melhor do que à miséria. Caminheiro de ambientes hostis.
Em cada capítulo o autor pega num momento, numa palava ou num ato, só perceptíveis à luz da loucura humana, só desculpáveis pelo mal. Ato repetido até à exaustão, como se tivéssemos dificuldade em perceber, como se insistindo sobre uma mesma imagem se conte melhor uma história. “A ellos nos les gustan las fotografias, diz o velho, o dono da casa – no les gustan, explica.”
Para quem nos habituou a uma escrita escorreita, reduzida ao texto essencial e despojado, Gonçalo M. Tavares, surge-nos aqui seduzido pela sonoridade dos fonemas que se desdobram em inesgotáveis caminhos, como se em nós, a alma fosse uma palavra que se repete até à eternidade. “…todos os homens dão besito àquilo?, pergunto eu, todos, responde ela, todos, diz de novo, todos, repete.”
Quando nos perdemos na loucura dos outros desaparecemos na paisagem deixando de a contaminar. Toda a nossa inocência fica refém dessa demência colectiva. Este é o relato de uma descida ao lado obscuro do ser, ao entendimento distorcido do outro, à geometria improvável da alma.
Devíamos aprender a dançar a Tarantela, é mais seguro do que sermos atropelados, muito mais seguro, pelo menos na cidade do México, onde só entra quem conhece a maldade.

 

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