Quotidiano instável | Maria Teresa Horta
A grande literatura vive do olhar atento do narrador sobre os dias informes, sobre a distância que nos separa do outro e se deixa contaminar pela sua presença. Nunca, como nestas crónicas, esse olhar foi tão longe, transformando-se no próprio narrador, promovendo cada pormenor a protagonista, convidando-o a contracenar dramaticamente com a ação de se vai desenrolando, ação essa quase sempre remetida para segundo plano. Minimalista, mas intensa. Estamos perante o gesto, o esboço de uma intenção, o desejo de um afago que mal se concretiza, e nesse momento, o ambiente é magistralmente convocado a entrar na história, num travelling lento, seguro, abrindo-se em dimensão e profundidade. Continue reading “Quotidiano instável | Maria Teresa Horta”
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