Miguel Torga publicou em 1941 o livro de contos Montanha, que imediatamente foi apreendido pela polícia política. Em carta de Abril desse ano, Vitorino Nemésio, solidarizando-se com o amigo, escreveu a propósito dessa apreensão: «Acho a coisa tão estranha e arbitrária que não encontro palavras. De resto, para quê palavras se nelas é que está o crime?»
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O senhor Ventura | Miguel Torga
O Senhor Ventura narra uma história verosímil de um português saltimbanco, a quem a curiosidade impede de passar à beira dum abismo sem olhar, e que percorre o oriente numa persistente busca pela fortuna que, no seu país, se encontra fora do seu alcance. Continue reading “O senhor Ventura | Miguel Torga”
Até que o agonizante deixou de ver o rosto esfumado de Tatiana.
Por fim, ambos encontraram a paz perpétua, ela a vê-lo partir para a eternidade, ele a esquecê-la para todo o sempre. A luta tinha sido árdua, por ser a última entre eles, um a esgotar as forças que lhe restavam e o outro a reagir passivamente. Mas tinham conseguido o que desejavam. Agora eram na verdade aquilo que a natureza sempre lhes pedira: dois. A linha fina mas resistente, que os unira através de todos os desentendimentos, acabava finalmente de se partir. Tensa como era até ali, mal se quebrou, as duas metades retraíram-se de tal modo que nada as poderia nunca mais juntar. Livres! Continue reading ““Miguel Torga – citação”
A Dom Quixote, por ocasião dos 75 anos da sua primeira edição, reedita esta novela de Miguel Torga, publicada em 1943, dividida em três partes, com um total de 33 capítulos. Continue reading “O Senhor Ventura | Miguel Torga”
Poeta, romancista, dramaturgo e autor de um monumental Diário em dezasseis volumes, Miguel Torga é um dos grandes contistas da literatura portuguesa. Estreou-se neste género com Bichos (1940), uma das suas obras mais conhecidas e reeditadas. Em 1941 publicou Montanha, imediatamente apreendido pela polícia política. Continue reading “Contos, de Miguel Torga”
Num conjunto de catorze contos, Miguel Torga junta homens e bichos numa alegoria do comportamento humano. Do gato marialva ao galo fanfarrão que acaba destronado pelo filho, temos, num tom ligeiro e humorado, o desfilar de um rosário de dores bem humanas. Pretexto para nos recordar que sabemos bem pouco sobre esse mundo cheio de vida que nos rodeia, e com o qual partilhamos um lado animal. A gente entende pouco do semelhante. Cada um de nós é um enigma, que na maior parte das vezes fica por decifrar.
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