As águas livres – Cadernos II by Teolinda Gersão
Teolinda Gersão oferece-nos o registo de momentos, reflexões, sonhos e memórias. Por vezes, pequenos contos. São os seus cadernos
A Liberdade de uma escrita solta, ao sabor do acaso. Esses passos leves. Essas águas livres nas quais se mergulha para se sair renascido. A consciência do “valor único de cada instante vivido.”
Existe um olhar que se apropria das coisas fixando-se por vezes no seu avesso. Pensamentos que espreitam a vida sem a objectividade do cronista. Estamos no universo da testemunha, entregues ao seu poder recreativo, sempre fiel à sua forma de ver. “Escrevia muitas das vezes «ela» e não «eu».”
A presença do “Ela”, esse olhar de fora com o corpo de quem escreve de permeio. O domínio temporal do “eu” parece ser mais restrito, apenas a escrita na terceira pessoa se liberta, se torna intemporal. Encontramos aqui notas que são dessa natureza, que ultrapassam o mero registo de uma experiência pessoal.
Estamos perante “O fascinante lado impessoal do modo não figurativo de encarar o mundo.” A máquina óptica que somos, ruminando todos os momentos do mundo.
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